Por Ana Ceregatti
Nutricionista
www.anaceregatti.com.br
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terça-feira, 10 de novembro de 2015

Hortaliças e frutas: elas nutrem, previnem doenças e conduzem à longevidade


Texto originalmente escrito para a coluna SOS Alimentação da Revista dos Vegetarianos e publicado na edição 98. Algumas adaptações foram feitas para a publicação no blog.
São dois grupo diferentes: das hortaliças, onde estão todas as verduras e todos os legumes, e das frutas. O primeiro fornece fibras, vitaminas e minerais. O segundo também fornece a sacarose, um carboidrato simples. Por isso, as frutas são fontes de energia. As hortaliças, não.

Os dois grupos são abundantes em compostos bioativos e antioxidantes. Não é à toa que uma dieta rica em frutas, verduras e legumes previne doenças e até ajuda a tratar várias delas.

Muita gente sabe que precisa comer alimentos desses grupos, mas não gosta ou tem preguiça. Isso acontece muito com pessoas que não tiveram seu paladar treinado para apreciar as diversas texturas e sabores presentes nesse trio. Esse treino tem início quando a mãe opta por oferecer ao bebê somente o leite materno, que muda de sabor a todo momento, de acordo com a composição da dieta materna, levando-o a experimentar as várias nuances de sabores.
Se uma pessoa começa assim, mamando no peito e comendo de tudo desde o começo, a rejeição pelo grupo das hortaliças e das frutas praticamente não existirá e muitas doenças poderão ser evitadas.
Porque consumi-las
A recomendação para ingestão de frutas, verduras e legumes é de cerca de 400g/dia, 20% do total de uma dieta de 2000 kcal, mas o brasileiro consome muito menos que isso: cerca de 4%.
Isso explica porque muita gente sofre por exemplo de prisão de ventre. As fibras presentes nesses alimentos, um nutriente que não é absorvido pelo intestino, ajudam no formação do bolo fecal e facilitam a eliminação do mesmo. Além disso, elas promovem saciedade, muito importante para quem precisa regular o peso, e auxiliam no controle do diabetes e do excesso de colesterol. Para trabalharem em todo o seu potencial, as fibras precisam de água: cerca de 30ml/kg de peso/dia.
A baixa ingestão de hortaliças e frutas também contribui, por diversos mecanismos, para o desenvolvimento das chamadas doenças crônicas não transmissíveis, como o diabetes, o sobrepeso e a obesidade, os vários tipos de cânceres e as doenças cardiovasculares.
Se a baixa ingestão ou ausência desses alimentos pode abrir caminho para o aparecimento dessas doenças, a presença deles é sabidamente eficaz na prevenção e no tratamento, não só pela presença de vitaminas, como a vitamina E, C, D e carotenos, mas também pela participação dos antioxidantes, como o licopeno (tomate), o resveratrol (uva), a curcumina (cúrcuma longa), as catequinas (chá verde), a quercetina (maçã) entre outros, que “varrem” o lixo produzido pelas células para fora do corpo e reparam os danos causados por agentes agressores.
Quanto comer?
O Ministério da Saúde recomenda pelo menos 3 porções de hortaliças e outras 3 de frutas. Um porção de verduras por exemplo equivale a 1 xícara de chá delas cozidas ou 2 xícaras de chá delas cruas. Uma porção de legumes equivale a aproximadamente ½ xícara de chá. Para as frutas, uma porção pode ser 1 unidade média, ½ xícara de chá de fruta picada ou ½ copo de suco natural.
Na prática, procure preencher metade do seu prato, no almoço e no jantar, com uma variedade de verduras e legumes, crus ou cozidos, e incluir 1 fruta rica em vitamina C de sobremesa. As demais frutas poderão fazer parte do café da manhã e dos lanches.
Quem é quem
Chamamos de verduras quando as partes comestíveis de um vegetal são as folhas, flores, botões ou hastes. Para os legumes, ficam os frutos, sementes ou partes que se desenvolvem na terra. Fruta é a polpa que rodeia a semente. Tem aroma característico e em geral é rica em suco e de sabor adocicado. A tabela abaixo traz uma lista de hortaliças e frutas. Há muitas outras, encontradas regionalmente, que devem ser preferidas às importadas.

 
sapoti
goiaba vermelha


Hortaliças
Frutas
Legumes: abóbora, abobrinha, aspargo, berinjela, beterraba, cebola, cenoura, chuchu, ervilha verde, jiló, nabo, palmito, pepino, pimentão, quiabo, rabanete, tomate, vagem
Verduras: acelga, agrião, alcachofra, alface, almeirão, brócolis, brotos (de feijão, de alfafa), chicória, couve, couve-flor, escarola, espinafre, mostarda, repolho, rúcula, salsão
*cogumelos e algas, apesar de não serem vegetais, têm características nutricionais semelhantes a esse grupo
Frescas: abacate, abacaxi, abio, açaí, acerola, ameixa, amora, banana, caju, caqui, carambola, cereja, damasco, figo, goiaba, jaca, jabuticaba, kiwi, laranja, limão, maçã, mamão, manga, maracujá, melancia, melão, morango, nêspera, pera, pêssego, pitanga, romã, sapoti, tamarindo, tangerina, uva

Secas: banana, damasco, figo, tâmara, uva passa (consumo moderado pela concentração de açúcar)

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Tubérculos, raízes e açúcares: o que pode ser consumido e o que deve ser evitado

Texto originalmente escrito para a coluna SOS Alimentação da Revista dos Vegetarianos e publicado na edição 96. Algumas adaptações foram feitas para a publicação no blog.

Fontes de carboidratos, os tubérculos, as raízes e os açúcares funcionam como combustível energético para o nosso organismo, uma função também exercida pelos alimentos que compõem o grupo dos cereais. Porém, determinados carboidratos estão na turma do bem, enquanto outros não são exatamente a melhor companhia.

Se há uma semelhança, há também uma grande diferença: enquanto alguns fornecem combustível de primeira qualidade, outros funcionam como uma fonte de energia poluída e danosa ao organismo. No primeiro grupo estão os tubérculos e as raízes. No segundo, os açúcares.


Inhame

Tubérculos e raízes não são a mesma coisa
Botanicamente, definimos tubérculo como o caule de algumas plantas, que cresce logo abaixo da superfície do solo com o propósito de armazenar nutrientes para a mesma. Sua raiz tem apenas a função de fixar a planta ao solo. Nos alimentos conhecidos como raízes, os nutrientes são concentrados nela própria e o caule, que fica acima da superfície do solo, funciona apenas como conexão entre as folhas e a raiz.

Em ambos, esse armazenamento de nutrientes tem como objetivo obter uma reserva de energia para o começo da vida da planta, quando ela ainda não consegue produzir seu próprio alimento através da fotossíntese.

Mas, do ponto de vista nutricional, que é o que nos interessa, os alimentos do “grupo das batatas" têm composição bastante semelhante, pois são essencialmente ricos em amido, além de fornecerem fibras, vitaminas, minerais e antioxidantes. Fica mais fácil entender se dissermos que batata é tubérculo e batata doce, raiz. Na prática, utilizamos ambos como substitutos do arroz.


mandioca
mandioquinha cozida
Como exemplo de tubérculos, temos a famosa batata inglesa, o cará, o inhame, a batata yacon, a taioba e o taro, não muito conhecido por aqui, mas bastante consumido em alguns países da África. No grupo das raízes, encontramos a batata doce, a mandioquinha e a mandioca. Beterraba, cenoura e rabanete também fazem parte desse grupo, mas contêm uma quantidade de amido muitíssimo menor, concentrando mais as fibras, vitaminas e antioxidantes. Por isso, eles são colocados no grupo das verduras e dos legumes.

Embora sejam essencialmente ricos em amido, há algumas diferenças na composição de cada um desses alimentos. Observe a tabela abaixo e veja que o teor de proteínas e de lipídeos é muito semelhante e não é o forte desse grupo. Mas note que a quantidade de carboidratos é bem significativa, parecida com a contida no arroz integral.

Alimento na forma cozida
Carboidratos  (g)
Proteínas (g)
Lipídeos (g)
Fibra (g)
Cálcio (mg)
Vitamina C (mg)
Caroteno (mcg)
Batata inglesa
20,1
1,9
0,1
1,8
5
13,0
2
Batata doce
17,7
1,4
0,1
2,5
27
12,8
9.444
Mandioca
36,2
1,1
0,3
1,9
15
11,1
8
Inhame
27,5
1,5
0,1
3,9
14
12,1
73
Arroz integral
23,5
2,3
0,8
1,8
10
0
0

Batata doce
Batata doce é boa mesmo?
Existe um alimento que se destaca nessa tabela e que vale a pena sim incluir no cardápio, especialmente de quem pratica atividade física, como lanche pré-treino: a batata doce. Seu menor teor de amido combinado com um relativo teor de fibras faz com que o organismo obtenha energia mas sem hiperestimular a liberação de insulina pelo pâncreas. Além disso, sua extraordinária quantidade de betacaroteno, uma substância de ação antioxidante, ajuda a proteger o organismo do excesso de radicais livres, naturalmente produzidos durante o exercício. 
Dentro do grupo, é também a que mais contém cálcio, um mineral importante para a contração muscular.


Batata yacon sendo colhida
Batata yacon
Ela é um tubérculo, tem um gostinho suave e deve ser consumida crua. A yacon ficou conhecida como a “batata do diabético” pela sua grande quantidade de frutanos, um tipo de carboidrato que resiste à ação das enzimas digestivas e que acaba sendo fermentado pelas bactérias protetoras do nosso intestino. A literatura descreve esse tubérculo como sendo benéfico para pessoas com glicemia (níveis de açúcar no sangue) elevada e alterações no lipídeos sanguíneos decorrentes da diabetes tipo 2. Por isso, seu consumo regular deve ser encorajado.

Açúcares
Acusado legitimamente de causar doenças, como obesidade e diabetes, o grupo dos açúcares, onde estão incluídos todos os doces, chocolates, mel, melado e o açúcar de mesa propriamente dito, faz parte da gangue do mal e por isso é totalmente dispensável da alimentação cotidiana. Esses alimentos viciam o paladar e raramente são consumidos em pequenas quantidades. Sua ingestão regular causa alterações no metabolismo da glicose, inclusive em pessoas que estão dentro da faixa de peso. Fique longe deles!
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