Por Ana Ceregatti
Nutricionista
www.anaceregatti.com.br
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terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Hortaliças e frutas: colorindo o seu dia a dia


Texto originalmente escrito para a coluna SOS Alimentação da Revista dos Vegetarianos e publicado na edição 99. Algumas adaptações foram feitas para a publicação no blog.

No post anterior, falamos do colorido universo das hortaliças e das frutas. Ricas em antioxidantes, fibras, vitaminas e minerais, elas permitem que o organismo funcione em harmonia, prevenindo algumas doenças e ajudando no tratamento de outras.
Agora, é momento de saber como traze-las para o cotidiano de forma descomplicada e prática.
Escolher bem é o primeiro passo
Algumas dicas podem ser bem uteis na hora de comprar as hortaliças e as frutas. Antes de mais nada, prefira os alimentos que estão na safra. Além de mais baratos, eles serão mais saborosos, suculentos e nutritivos.  Valorize os produtos da sua região!
Frequente as feiras livres, se possível as orgânicas, pois as hortaliças e frutas ali disponíveis foram colhidas mais recentemente do que aquelas encontradas em supermercados. Os sacolões e hortifrútis também oferecem alimentos bem fresquinhos. Nesses ambientes, é possível olhar e ver o que mais agrada e o que está mais bonito. Faça um rodizio semanal dos alimentos, favorecendo a variedade.
Para as folhas, procure pelas mais viçosas, sem queimaduras ou machucados. Frutas e legumes devem ter a casca lisa, brilhante e sem rachaduras ou machucados.
Não se iluda com o tamanho de alguns alimentos. Nem sempre o maior é o melhor.

É hora de higienizar
Ao chegar em casa, lave tudo antes de guardar. Assim, os alimentos já estarão prontinhos para serem consumidos.
Hortaliças e frutas devem ser lavados em água corrente para remover micro-organismo (bactérias e vírus), pequenos bichinhos (caracóis e lesmas) e sujidades (terra). Se isso for feito adequadamente, não há necessidade de coloca-lo de molho com hipoclorito, que não elimina agrotóxicos.


Armazenar direitinho é o que garante a praticidade e a rapidez no preparo
Muita gente tem preguiça de comer verduras e legumes à noite porque chega cansado do trabalho e não tem ânimo para lavar verduras. Por isso elas devem estar sempre prontinhas para consumo!
Depois de lavadas, as folhas devem ser o excesso de umidade removido. Isso pode ser feito com uma centrifuga própria para esse fim ou com um pano de prato limpo. Depois, elas devem guardadas em um pote plástico tampado em camadas alternadas com folhas de papel toalha. Duram acerca de 1 semana.
Os legumes devem ser lavados e guardados ainda inteiros dentro de potes plásticos tampados ou saquinhos para alimentos. Devem ser picados somente no momento do consumo ou do preparo, pois podem perder nutrientes.
Depois de cozidas, as hortaliças devem ser mantidas em geladeira, em recipientes tampados, por no máximo 2 dias.
As frutas podem ser guardadas na fruteira, especialmente para quem não gosta delas geladas. Mas a refrigeração garante um tempo de vida maior. Assim, vale a pena conservar a maior parte na geladeira, dentro de sacos plásticos para não desidratar, e transferir para a fruteira à medida do consumo.
Frutas secas devem ser mantidas em potes tampados, preferencialmente de vidro, dentro da despensa/armário.
O preparo correto garante o valor nutricional
O simples ato de cortar o alimento já afeta o seu valor nutricional, porque expõe uma superfície maior do mesmo à oxidação. Mas é no cozimento que podem ocorrer as maiores perdas. Por isso, é referível consumir verduras e legumes crus, que preserva o conteúdo de vitaminas e minerais. Quando isso não for possível, o cozimento no vapor é o mais indicado. Quanto maior os pedaços, melhor. Se o preparo for na água, esta deve ser usada para fazer outros pratos, como sopas e molhos ou até para cozinhar o arroz integral ou o feijão.
Os alimentos devem ser cozidos com cascas, inteiros ou em pedaços grandes (se necessário, devem ser picados depois de cozidos), até ficarem ligeiramente macios. Quanto menos cozido, mais nutritivo.

Tudo deve ser aproveitado: talos e folhas podem compor sopas e caldos nutritivos ou deliciosas tortas e bolinhos.
É preferível consumir as frutas cruas, inteiras ou picadas, ao invés dos sucos naturais, que concentram o açúcar presente naturalmente nesses alimentos. Assim, além de serem mais calóricos, por terem um teor reduzido de fibras, os sucos elevam a glicemia (nível de glicose no sangue) mais rápido, o que não é interessante para o metabolismo.
A elevação da glicemia também é favorecida pelo consumo das frutas secas, que, por terem um menor teor de água, também concentram o açúcar. Por isso, o ideal é mistura-las com cereais integrais, como aveia, ou com as oleaginosas. 

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Tubérculos, raízes e açúcares: o que pode ser consumido e o que deve ser evitado

Texto originalmente escrito para a coluna SOS Alimentação da Revista dos Vegetarianos e publicado na edição 96. Algumas adaptações foram feitas para a publicação no blog.

Fontes de carboidratos, os tubérculos, as raízes e os açúcares funcionam como combustível energético para o nosso organismo, uma função também exercida pelos alimentos que compõem o grupo dos cereais. Porém, determinados carboidratos estão na turma do bem, enquanto outros não são exatamente a melhor companhia.

Se há uma semelhança, há também uma grande diferença: enquanto alguns fornecem combustível de primeira qualidade, outros funcionam como uma fonte de energia poluída e danosa ao organismo. No primeiro grupo estão os tubérculos e as raízes. No segundo, os açúcares.


Inhame

Tubérculos e raízes não são a mesma coisa
Botanicamente, definimos tubérculo como o caule de algumas plantas, que cresce logo abaixo da superfície do solo com o propósito de armazenar nutrientes para a mesma. Sua raiz tem apenas a função de fixar a planta ao solo. Nos alimentos conhecidos como raízes, os nutrientes são concentrados nela própria e o caule, que fica acima da superfície do solo, funciona apenas como conexão entre as folhas e a raiz.

Em ambos, esse armazenamento de nutrientes tem como objetivo obter uma reserva de energia para o começo da vida da planta, quando ela ainda não consegue produzir seu próprio alimento através da fotossíntese.

Mas, do ponto de vista nutricional, que é o que nos interessa, os alimentos do “grupo das batatas" têm composição bastante semelhante, pois são essencialmente ricos em amido, além de fornecerem fibras, vitaminas, minerais e antioxidantes. Fica mais fácil entender se dissermos que batata é tubérculo e batata doce, raiz. Na prática, utilizamos ambos como substitutos do arroz.


mandioca
mandioquinha cozida
Como exemplo de tubérculos, temos a famosa batata inglesa, o cará, o inhame, a batata yacon, a taioba e o taro, não muito conhecido por aqui, mas bastante consumido em alguns países da África. No grupo das raízes, encontramos a batata doce, a mandioquinha e a mandioca. Beterraba, cenoura e rabanete também fazem parte desse grupo, mas contêm uma quantidade de amido muitíssimo menor, concentrando mais as fibras, vitaminas e antioxidantes. Por isso, eles são colocados no grupo das verduras e dos legumes.

Embora sejam essencialmente ricos em amido, há algumas diferenças na composição de cada um desses alimentos. Observe a tabela abaixo e veja que o teor de proteínas e de lipídeos é muito semelhante e não é o forte desse grupo. Mas note que a quantidade de carboidratos é bem significativa, parecida com a contida no arroz integral.

Alimento na forma cozida
Carboidratos  (g)
Proteínas (g)
Lipídeos (g)
Fibra (g)
Cálcio (mg)
Vitamina C (mg)
Caroteno (mcg)
Batata inglesa
20,1
1,9
0,1
1,8
5
13,0
2
Batata doce
17,7
1,4
0,1
2,5
27
12,8
9.444
Mandioca
36,2
1,1
0,3
1,9
15
11,1
8
Inhame
27,5
1,5
0,1
3,9
14
12,1
73
Arroz integral
23,5
2,3
0,8
1,8
10
0
0

Batata doce
Batata doce é boa mesmo?
Existe um alimento que se destaca nessa tabela e que vale a pena sim incluir no cardápio, especialmente de quem pratica atividade física, como lanche pré-treino: a batata doce. Seu menor teor de amido combinado com um relativo teor de fibras faz com que o organismo obtenha energia mas sem hiperestimular a liberação de insulina pelo pâncreas. Além disso, sua extraordinária quantidade de betacaroteno, uma substância de ação antioxidante, ajuda a proteger o organismo do excesso de radicais livres, naturalmente produzidos durante o exercício. 
Dentro do grupo, é também a que mais contém cálcio, um mineral importante para a contração muscular.


Batata yacon sendo colhida
Batata yacon
Ela é um tubérculo, tem um gostinho suave e deve ser consumida crua. A yacon ficou conhecida como a “batata do diabético” pela sua grande quantidade de frutanos, um tipo de carboidrato que resiste à ação das enzimas digestivas e que acaba sendo fermentado pelas bactérias protetoras do nosso intestino. A literatura descreve esse tubérculo como sendo benéfico para pessoas com glicemia (níveis de açúcar no sangue) elevada e alterações no lipídeos sanguíneos decorrentes da diabetes tipo 2. Por isso, seu consumo regular deve ser encorajado.

Açúcares
Acusado legitimamente de causar doenças, como obesidade e diabetes, o grupo dos açúcares, onde estão incluídos todos os doces, chocolates, mel, melado e o açúcar de mesa propriamente dito, faz parte da gangue do mal e por isso é totalmente dispensável da alimentação cotidiana. Esses alimentos viciam o paladar e raramente são consumidos em pequenas quantidades. Sua ingestão regular causa alterações no metabolismo da glicose, inclusive em pessoas que estão dentro da faixa de peso. Fique longe deles!

terça-feira, 8 de setembro de 2015

Vegetarianismo, um estilo de alimentação

É muito bom quando sites, blogs e outros canais que não são vegetarianos buscam informações sobre a alimentação sem carnes, que é, além de um cuidado à saúde, um cuidado ao meio-ambiente e aos animais.

A Westwing Brasil, uma empresa de decoração e design, está oferecendo um serviço a mais para seus clientes ao publicar um conteúdo totalmente voltado para alimentação. E, dentro desse universo onívoro, entramos com uma matéria que explica o que é vegetarianismo e a querida Paula Lumi, do site Presunto Vegetariano, entrou com uma deliciosa receitinha vegana.

Bom, não é? De passinho em passinho, chegamos lá!

Confira o texto em Westwing - Estilos de Alimentação

terça-feira, 18 de agosto de 2015

A energia dos cereais

Esse texto foi originalmente escrito para a coluna SOS Alimentação da Revista dos Vegetarianos e publicado na edição 95. Algumas adaptações foram feitas para a publicação no blog.


Há uma razão muito importante para os cereais serem a base da alimentação, não só aqui no Brasil, mas em vários outros países: eles são compostos principalmente por carboidratos, um nutriente bastante conhecido por fornecer energia para o funcionamento das células. Além disso, os cereais são fáceis de preparar, podem ser estocados por um bom tempo e, alguns tipos, em muitos países, têm preço acessível.

vegetariano
Estrutura de um grão
Os grãos de cereais são compostos por 3 partes. Na casca (também chamada de farelo), são encontrados fibras, vitaminas, minerais, proteínas e fitoquímicos. 

O endosperma, que compõe a maior parte do grão, contém basicamente carboidrato sob a forma de amido, proteínas e um pouquinho de vitaminas do complexo B. Já o gérmen concentra vários minerais, vitaminas do complexo B, vitamina E e fitoquímicos.

Trigo, arroz, milho, aveia, centeio e cevada são os mais conhecidos e consumidos na nossa cultura. A quinua e o amaranto são considerados pseudo-cereais, por serem de uma família diferente, mas são inseridos nesse grupo por apresentarem composição nutricional semelhante.
"Eles são fonte de carboidratos, proteínas, fibras, vitaminas e minerais e por isso não podem faltar na nossa alimentação"
Vamos conhecer de perto cada um.

Trigo*: é o grão mais utilizado na produção de farinha para a indústria de panificação, pois sua principal proteína, o glúten, tem a capacidade de absorver muita água e com isso fornecer a elasticidade necessária para a produção dos pães. Aqui vale dizer que o glúten só deverá ser excluído da dieta quando houver alergia ou hipersensibilidade confirmados através de exames laboratoriais. Mas então, por que quando algumas pessoas, que não estão nessas condições de saúde, tiram o glúten e emagrecem? Na grande maioria dos casos, porque elas excluem vários alimentos que têm glúten na composição, como salgadinhos, pizza, lanches, massas, bolos, biscoitos, bolachas e por aí vai. Não é a retirada do glúten que emagrece, mas mudança alimentar, com a retirada dos “porcaritos”.

Milho*: possui um ótimo teor de gorduras e é o que mais oferece subprodutos. Além do milho fresco, em espiga, temos os grãos enlatados, a canjica, o fubá, a pipoca, o amido, os flocos e o xarope – este último, por ter comportamento semelhante ao açúcar refinado, deve ter seu consumo evitado. O milho pode ser consumido por quem tem alergia ou hipersensibilidade ao glúten.
*qualquer produto à base trigo e milho provém de grãos transgênicos, com exceção dos orgânicos, pois uma das condições para certificação é a pureza da semente. 

Arroz: é o grão mais consumido pela população. Sua proteína é diferente da do trigo, o que permite que ele seja incluído na alimentação de quem tem alergia ou hipersensibilidade ao glúten. Há vários tipos de arroz, sendo o tipo polido (refinado) o mais consumido. No processo de refinamento, o farelo e o gérmen são removidos, permanecendo somente o endosperma, ou seja, amido. Então, não é somente a fibra que é perdida, mas as vitaminas, os minerais e os fitoquímicos protetores. Por essa razão, não vale a pena optar pela versão refinada.
- arroz integral: preserva toda a estrutura do grão, sendo removida apenas a casca. É o mais completo nutricionalmente.
- arroz parboilizado: é um arroz pré-cozido. Durante o processo, pelo efeito da umidade e do calor, os nutrientes presentes no farelo migram para o endosperma, evitando a perda dos mesmos durante a moagem.

cereais integrais

Aveia: o grão de aveia se parece com o do arroz agulha, mas é na forma de flocos que esse cereal é mais consumido. Por também possuir glúten na composição, esse cereal não deve ser consumido por quem tem alergia ou hipersensibilidade ao glúten. Para quem está fora dessa condição, a aveia pode e deve ser consumida regularmente, pois  ajuda no controle da glicemia (teor de açúcar do sangue), na manutenção e redução dos níveis de colesterol sanguíneo e na regulação do trânsito intestinal. Além disso, ela tem um teor alto de proteínas, algo relevante na composição da deita vegetariana: 50 gramas de aveia em flocos (cerca de 4 colheres de sopa) têm um teor proteico equivalente a meio ovo cozido.

Centeio: sua farinha é muito utilizada junto com a farinha de trigo, embora não tenha a mesma elasticidade. Os grãos de centeio são em geral consumidos em substituição ao arroz, puros ou misturados com os grãos de trigo, aveia, cevada e arroz, compondo o mix de cereais. Contém glúten.

Cevada: além de ser usado para fazer cerveja, esse grão, na nossa culinária, é geralmente consumido igual ao centeio, puro ou no mix, ou torrado, em pó, como substituto do café. Tem um bom teor de proteínas, incluindo o glúten.

Quinua e amaranto: consumidos sob a forma de grãos, flocos ou farinha, esses pseudo-cereais, em comparação com o arroz integral, contêm muito mais proteína, lipídeos, ferro, cálcio, magnésio, fósforo e zinco, mantendo valor similar para carboidratos. Por não conterem glúten, são excelentes alternativas para quem tem alergia ou hipersensibilidade a essa proteína.
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